Wednesday, May 23, 2018

Museu Freud

"Uma Vida para o nosso Tempo". Este é o título da biografia de Freud escrito por Peter Gay. Na verdade, diria que é uma Vida para além do Nosso Tempo consideradas todas as suas contribuições ´para compreensão da mente humana.

Uma de suas maiores contribuições foi a de trazer o conceito de inconsciente, dando-lhe um status científico. Frase como; " limpar a chaminé" hoje são usadas com a maior naturalidade quando nos referimos a necessidade de esvaziar a mente e enfrentar com maior clareza nossos medos mais escondidos.


Em uma das salas, bem no meio da sala encontra-se o baú onde Freud ao sair de Viena colocou grande parte de suas coisas. Uma das facetas inusitadas deste episódio é o fato de que foi justamente um nazista responsável pela análise da documentação de todos os judeus de Viena, Anton Sauerwald que fez vista grossa para declarações das contas de Freud em bancos suíços bem como das dívidas da editora gerida por Martin Freud. Caso denunciado não conseguiria sair de Viena.


Quantas ideias saíram desta caneta?
Quantos fragmentos da teoria de Freud e suas tantas derivações saíram desta pena em tantas noites madrugada adentro ou nos dias de frio e sol fraco ao longo do dia.
Quantas receitas?
Quantos rabiscos?
Tipo tinteiro, a tinta ia sendo reabastecida no corpo firme da caneta que fixada em suas bravas e resolutas mãos ia jorrando um conhecimento totalmente novo e fundamental para a Humanidade.


Tantas caricaturas e desenhos que desde esta época já povoavam as páginas dos livros.
Hoje, seu rosto está estampado em várias lembranças como canecas, canetas, bloco de notas, agendas, camisas...
Seu rosto e suas frases. Suas frases e suas provocações.

Vamos entrar?
Basta tocar a campainha!
Que tal colocar as suas palavras, presas no nó das suas teias para fora?
É simples?
Simples?
Quantos voltaram dali mesmo não querendo encarar os seus medos?
Quantos retornaram apenas mais uma vez por curiosidade?
Quantos Nem chegaram até as suas portas por puro preconceito?








Museu Freud - Indo embora e deixando uma saudade gostosa.

Neste cantinho da sua sala de trabalho, Freud ficava com suas reflexões, angústias e de onde lia e escrevia suas cartas. Este era um ambiente no qual reinava absoluto. Tanto que a rotina da casa se organizava de tal forma que ele tivesse total privacidade para realização do seu trabalho.

Achei linda esta foto dele. Uma maturidade serena no olhar. Uma idade avançada com tanto a descobrir e desvendar sobre a mente humana. Uma teoria que ia ganhando corpo na medida em que ganhava novos adeptos. O que teria pensado ele neste dia. O que o intrigava neste exato momento da foto.

De costas para janela de um dia qualquer da semana, lá estava ele, impecável no seu terno a postos para o próximo embate. Hoje, tantos anos depois, uma foto da janela,  tempo, também frio e triste. Lá estava ela isolado por uma corda. A sua cadeira giratória que no movimento circular entre o olhar para o paciente e para o espaço externo sacudia as ideias e as reprogramava a cada nova descoberta. Reflexões, paixões e tantos entendimentos e desentendimentos. Um momento único.







Museu Freud - Hora de deitar!

Entre as várias pequenas curiosidades do ambiente, lá estava o clássico divã onde tantas pessoas se deitaram sob a escuta atenciosa de Freud.

Ali, tantas histórias foram contadas, recontadas deixando novelos espalhados pelo chão. Pacientemente o artífice da alma ia aos poucos puxando um fio, desenrolando outro, emendando outro e aos poucos a tela ia se montando e os dilemas se esclarecendo.

Esta é uma pequena miniatura que pode ser vista em uma das salas.

Claro que nós dois deitamos em um dos módulos e relaxamos um pouquinho. Se deixasse ficaríamos ali, imaginando como seria ter alguém atras de nós nos escutando. Se fizéssemos um pouco de força, a sua presença seria sentida.

Museu Freud - Antiguidades, espaços e curiosidades

Entre as várias curiosidades contidas no espaço do Museu Freud, encontramos algumas peças de antiguidades que foram colecionadas ao longo do tempo.

A antiguidade com predileção pelos gregos e romanos com alguma influência dos chineses sempre foi um objeto de interesse de Freud.

Em 40 anos chegou a reunir mais de 2.500 peças arqueológicas dessas civilizações. Na mudança para Londres várias destas peças acompanharam a mudanças. Algumas foram doadas por sua filha Ana Freud para o museu em Viena.

"Freud começou a colecionar suas peças no ano de 1896, em Florença logo após a morte do seu pai. A partir daí não parou mais de adquirir novas peças". Matéria Folha de São Paulo - 8/8/94.

"Uma de suas peças favoritas era o babuíno de Thot (Deus egípcio da lua e da sabedoria). Segundo seus biógrafos, para Freud a arqueologia era uma metáfora da psicanálise. As peças que ele colecionava seriam objetivações das descobertas por ele feitas no terreno da subjetividade."- Matéria Folha de São Paulo - 8/8/94.




Várias são as fotos que encontramos naquele que terá sido o seu consultório em frente a sua mesa de trabalho. Todos os personagens desta longa e incrível viagem de criação do surgimento da psicanálise estão ali. Basta clicar no número correspondente da foto e pronto. Você saberá um pouco mais sobre quem foi e qual contribui

Algumas fotografias como a de cima, tentam reproduzir um pouco como era o ambiente daquele espaço na época de Freud. Você, dependendo do ângulo em que se coloque poderá ter uma impressão aproximada do espaço. Muito interessante pela sensação de proximidade e de reflexão que proporciona.



Museu Freud - Finalmente!

Entre idas e vindas, ruas e ruelas, direita e esquerda, enfim, encontramos uma senhora que nos levou até a rua onde fica o Museu Freud. Aqui, na foto é a esquina da Bergasse. O Museu fica no nº 19.

Foi uma emoção muito grande. Principalmente para Cris que é psicóloga e totalmente apaixonada por ele e por sua obra. No museu estão expostos mais de 400 objetos entre livros, fotos e móveis que ajudam a entender e compreender a trajetória da sua vida.

Entrar em cada aposenta e ficar sentado escutando o audioguia relatando o que acontecia é uma experiência única. Se você fechar os olhos vai ter a sensação de voltar aquela época e vivenciar todo o movimento psicanalítico que ele implementou.

As visitas a sua casa do grupo responsável pela fundação da teoria e das bases da nova teoria são vivenciadas nas fotos espalhadas nas paredes de seu consultório.

Assim que chegamos na entrada, tempo fechado e o friozinho da manhã se juntaram as enormes expectativas da visita. Registro feito na entrada e lá fomos nós entrando nos aposentos.

A mente solta dá asas a imaginação e como não imaginar que por aquelas ruas Freud caminhava até a beira do rio para suas reflexões, seus pensamentos, dúvidas e angústias sobre a onda que ele estava colocando em movimento.

Ao longo da escadaria que dá acesso ao segundo andar vamos seguindo a linha do tempo da história deste magnífico pensador.

Nas palavras de mônica Pessler, a falta do divã no museu é muito boa porque simboliza a perda humana, científica e cultural sofrida pela Áustria com a chegada do nazismo.

Li um livro excelente sobre os últimos momentos de Freud em Viena. Chama-se " A morte de Freud. O legado de seus últimos dias de Mark Edmundson. Grande parte do relato ocorre na casa de Freud com o entra e sai das pessoas providenciando e negociando a sua ida para Londres. O que ele iria conseguir levar e o que ficaria para traz. A angústia das últimas horas e a mudança, enfim, para a Inglaterra.

Portanto, subir as suas escadas desta casa é deixar-se embebedar pela história tão marcante deste personagem extraordinário.






Nas palavras